Logística

Logística
Redução de Custos

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Como a tecnologia da Embalagem interfere na Logística


Fernando Sobral


Como as empresas vêem as embalagens: integrante do custo de produção ou como despesas de vendas?

O desenvolvimento do produto está cada vez mais vinculado à embalagem, tanto no contexto da logística quanto no de consumo. É ela responsável, na maioria das vezes pelo sucesso de venda do produto. Dentro desses aspectos as empresas tendem a ver as embalagens mais como custo de produção do que como despesas de venda.

Como as embalagens podem contribuir para a logística das empresas (redução de estoques, custos)?

Há algum tempo atrás, foi divulgada na Revista Tecnologística a utilização do modal ferroviário para transferência de leite do Sul do Brasil, para distribuição nos mercados Paulista e Carioca. O tempo de transferência somava mais de uma semana, porém reduzia custos. Essa logística inédita associava o aumento da vida útil do produto promovido pela embalagem Longa Vida ou Multicamadas com um modal mais lento do que o rodoviário. Desta forma, podemos avaliar como a embalagem primária, ou de consumo interfere no processo logístico.

Existem cálculos, dados ou pesquisas na melhora da logística das empresas por conta utilização das embalagens?

Um exercício que sempre faço com meus alunos refere-se às relações matemáticas e aproveitamento das embalagens. A falta de proporcionalidade entre a altura das embalagens com sua área promove desperdícios muitas vezes não percebidos pelos projetistas de embalagem, principalmente quando o estudo fica restrito ao pessoal de marketing.
As embalagens finas e altas podem proporcionar uma visibilidade maior na gôndola, porém pode demandar mais que o dobro do material. Considero sempre que a esfera possui a melhor relação volume contida com quantidade de material da parede. O cilindro possibilita uma melhor relação de material contido e parede do que o paralelepípedo, e o cubo têm a sua melhor proporção quando se trata de  paralelepípedos. É lógico que a aplicação das variáveis deve ser feita com muito bom senso.

Atualmente, os fabricantes pensam em desenvolvimento tecnológico das embalagens, tendo por base à logística?

Pensar o desenvolvimento de embalagem é pensar em logística. O estudo de embalagem divide-se em embalagem de consumo e embalagem de transporte. Acima verificamos como a embalagem de consumo pode agregar valor a logística através do aumento do shelf life do produto. 

O lead time do produto muitas vezes é determinado pelo prazo de validade do mesmo. A maioria das empresas que atuam na cadeia do frio tem como estratégia logística disponibilizar os produtos no primeiro terço de validade. Velocidade tem uma relação direta com custos em logística. Quanto menor o tempo de resposta maior os custos logísticos. Desta forma, uma embalagem com atmosfera modificada pode ter seu custo de produção maior, porém os custos operacionais seriam menores com agregação de valor.

No tocante a embalagens de transporte o desenvolvimento tecnológico está associado muitas vezes ao peso e volume das mesmas. Caixas de madeiras tendem ser substituídas por aquelas de papelão ondulado, por causa das características intrínsecas do material. São mais leves e possuem uma logística de fornecimento de menores custos. Pelos mesmos motivos o vidro por PET.

Um exemplo clássico, do avanço da logística no tocante a embalagem seria os engradados de madeira com garrafas de vidros utilizados em grande escala nos anos 70 pela indústria de bebidas que foram gradualmente sendo substituídas por garrafas PET unitizadas com filme termo retráteis. Os doze litros de refrigerante em PET representam menos da metade do volume dos engradados. O custo de refrigerante é determinado pelo custo logístico, o custo logístico é determinado por peso e volume. A redução do peso e volume proporciona um menor custo no produto de forma quase direta.

Há cálculos dos prejuízos com a danificação das embalagens na hora do transporte ou de guardar no estoque?

Estima-se uma perda de 10% de produtos no agro negócio, por falta de acondicionamento adequado dos produtos. O Brasil deve produzir em 2015, 94 milhões de toneladas  de soja. O desperdício será em torno de 10 milhões de toneladas do produto. É lógico que esse seguimento como qualquer outro merece estudos apurados de embalagem. A ineficiência da logística brasileira representa 16% do PIB (fonte Geipot). 

Uma grande parte é a infraestrutura de transporte, dificilmente corrigida e com grande dependência do poder público. No tocante a embalagem depende da competência das empresas e seus profissionais de logística e embalagem.

Qual o melhor método de empacotamento que, ao mesmo tempo, proteja o produto e contribua para logística da empresa?

Os processos de produção no Brasil combinam mão de obra intensiva, mecanização e automação. Os processos de empacotamento mais automatizados contribuem para logística da empresa, reduzindo custos, protegendo o produto melhorando o nível de serviço, porém os investimentos são altos e a flexibilidade da empresa menor. 

O segredo dos negócios não está simplesmente em automatizar, mas sim na sapiência do quando mecanizar, automatizar ou utilizar mão de obra intensiva. Esses critérios são temporais e mutantes, demandando reavaliações freqüentes. 

Como planejar para se ter o melhor aproveitamento na organização de estoques ou transporte?

Outro aspecto relevante no processo de embalagem é a padronização. Padronizar não é estabelecer uma única embalagem para todos os produtos. É saber que existe uma distância enorme entre uma embalagem para cada produto e uma única embalagem para todos os produtos. 

Normalmente as empresas cometem erros por excessos. Existem estoques de materiais que estão repletos de caixas de embarque vazias muitas delas desativas, por causa de uma política errônea na padronização. A redução de modelos traz uma redução de estoque de embalagens e desperdícios. 

Por um outro lado, um único modelo de caixa, causa desperdícios relativos a aproveitamento dimensional e operacional. Quantidades muito grandes de produtos em uma mesma caixa acarretam maiores custos e erros de picking.

Qual a importância da logística para os frigoríficos?

Se a logística para cargas gerais é importante, nas cargas frigorificadas ela aparece como condição fundamental para a continuação da existência da empresa atuante no seguimento. Isto porque o custo de transporte e armazenagem é elevado e os produtos perecíveis. Variações de temperatura podem danificar os produtos, sem que a cadeia de suprimento perceba o dano. A questão da ineficiência da vacina contra a febre aftosa pode estar ligado ao processo logístico.

O poder público e o mercado devem estar aprendendo muito com os eventos da vacinação e fome zero, da importância da logística. Não basta produzir, o grande desafio é disponibilizar os produtos no local e momento certo, em condições e custos que atendam as necessidades da população. 


 Site da Interlogis


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